sexta-feira, 8 de julho de 2011

Últim vôo do ônibus espacial

No clima de falar/escrever na primeira pessoa, eu que nunca quis ser astronauta - (que nunca consegui nem gostar de ficcção científica, sempre preferi ver e rever um documentário sobre futebol ou um de terror clássico ou mesmo uma comédia, a qualquer Star Wars ou similar). Eu que nunca joguei RPG, que nunca tive o menor saco para todos os filmes de ficção científica, incluindo "2001", que vi por obrigação. Todos os autores de ficcão científica, tirante Julio Verne, Lovercraft e HG Wells, achava e ainda acho um saco. Quase tão chato quanto Senhor dos Anéis. Pois bem eu que nunca quis ser astronauta. Que sempre fui terrestre e terráqueo. Fiquei triste com o último vôo do ônibus espacial. Quase deprimido.

http://www.nasa.gov/mission_pages/shuttle/main/index.html

O ônibus espacial era a visão romântica de futuro de minha geração. Uma visão do passado para o futuro que não virou presente. Até mesmo os que nunca pensaram em ir a Cabo Canaveral viveram isto. Nós que crescemos nos anos 80, vendo filmes do Stallone e do Schwarzenegger, ok, alguns do Chuck Norris e revendo Ferris Buellers. Nós que vievmos esta época de cabelos cafonas, que tivemos o disco LP Thriller do Michael Jackson, crescemos tendo a Nasa como referência de "alta tecnologia" aplicada e exemplificada para todo e qualquer idiota. Ainda não tinha a Super Interessante nas bancas, nem a internet para pesquisar e dar substância ao curioso e chato. O ônibus espacial era aquela coisa mais popular na exploração do espaço. O próprio nome nos dá uma idéia cotidiana, ao nosso lado. "Ônibus". Vou fazer o sinal no ponto e vou a Lua e volto.


Então ver o último vôo, certificar que as Utopias de parecem ter acabado, que Che Guevara hoje é tão pop quanto uma Coca-Cola, que o Muro caiu tem mais de 20 anos, que a "corrida espacial não faz mais o menor sentido". Ver tudo isto dá uma sensação de ter uma história vivida por mim e pela história. Como se desse para sentir-se parte integrante de um processo muito maior que você ou sua existência. Sentir que o que você viu e viveu como testemunha, passa a ser história. A constar nos livros. As notícias que você leu. As histórias que você viveu. As músicas que você ouviu. O que você se vestiu. Tudo isto passa a ser história da humanidade. Você, mais que apenas a passiva testemunha, passa a ser história vivida.

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