terça-feira, 28 de junho de 2016

O que um hetero pode fazer contra a homofobia?

O que cabe a um hetero no combate a homofobia?

Defender causas alheias é algo muito natural para mim. 
Fui criado desta maneira.

Lembrando de conversa com meu pai. Que falava da coragem do Agnaldo Timoteo em ser gay no meio da repressão. Meu pai falava “tem que ser muito macho para fazer uma música assim durante a ditadura”. No caso, Amor Proibido, que reproduzo aqui.

Assim, mesmo sendo criado no machismo latino, de usar palavras não elegantes para definir "jeito ou trejeito", sempre entendi, que se houvesse uma violência imotivada contra alguém, eu, nem que fosse por atavismo, me levantaria. E , que perdoem a grosseria ou sinceridade, mas sempre fui no clima “mexeu com uma bicha minha, mexeu comigo.” E pode substituir o “bicha” por qualquer outro ser termo politicamente correto ou adequado. E o "minha" por qualquer pessoa que esteja no meu campo visual ou de conhecimento. Não sei se é errado ou certo. Mas não sei ser diferente. Não sei ser indiferente.

Cresci com um pai que é claro que trazia a homofobia latina. Esta do termo chulo e vulgar. Da brincadeira "delicada como numa borracharia", mas ainda assim, um pai que desceu a porrada num cara no meio da rua pelo mesmo ter desferido um soco no rosto de um rapaz negro, magrinho, que vestia roupas afro. E meu pai , se aproximando de mim e de Chico, um motorista, se desculpando, falou “O cara bateu na bichinha só porque ele era viado, meu filho...” Então, sou produto desta falta de educação. Do fino trato, mas ao mesmo tempo da capacidade de se indignar com o errado.

Numa das primeiras viagens a Manhattan, indo ao Corner Bistrot, comer o melhor hambúrguer de Manhattan, fiz questão de passar em frente a Stonewall. Sempre admirei os que lutam. Sempre vou estar do lado dos que lutam. Assim cresci e fui formado - pessoas devem respeitar uns aos outros. Sem impor. E eu ainda sigo sem entender porque pessoas escondem suas orientações sexuais. Aliás, não escondem. Reprimem.  E eu penso : “Galera, teve gente aqui que lutou pelo direito de ser quem você é. Não se esconda.” Fácil falar isto. Não sofro preconceito. É muito fácil falar do que você não sente na pele. E num País onde tem gay espancado até a morte, mesmo sem aceitar, acabo tentando entender os medos. Bom poder mudar de idéia dentro do mesmo parágrafo.

Acredito que um dia viveremos sem a ditadura de comportamentos morais, mas regido por uma única ditadura, a do COMPORTAMENTO ÉTICO. E esta - será soberana e vencerá. Demora. Mas vence. Moral varia de acordo com avanços de cada sociedade. Ou em critérios de “tempo, latitude e longitude”como ouvi nos tempos de IFCS.

Comecei escrevendo o que um hetero pode fazer por uma causa que não é sua. E respondo. Evoluir.  Exemplo : Nunca me opus a união civil entre pessoas do mesmo sexo. (Se podem abrir uma empresa, que impede de "abrir" uma família?) Mas lá no final do século passado em olhava com restrições a adoção por casais de uniões homo afetivas. Hoje acho muito errado como eu pensava. 

Enfim, o que você hetero pode fazer no combate a homofobia? 
Entrar no Século XXI.