terça-feira, 29 de março de 2011

Exemplos



Mas me lembrei quando minha mãe me fez devolver um Ki-Suco. Alguém se lembra daqueles sacos de anelina adocicada? Aquele que tinha o "Jarrão" como seu ícone? Pois bem, Ki-Suco era proíbido em minha casa. Em tom de total vaticínio, aquilo era um "veneno". Pois um dia, no supermercado "Merci", bandeira que não mais existe. No Merci da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, esquina com Bolívar, eu, com uns 6 anos, vestindo um casaco azul, de capuz e bolso frontal(a memória é prodigiosa nesta caso), subtraí 2 pacotinhos de Ki-Suco.(Eles ficavam bem perto do caixa). Aproveitei o momento de descuido de minha Babá, a Zé, e surrupiei.

Pensava ter cometido o crime perfeito.

Sabia que destino iria dar aquele Ki-Suco. Iria fazer "sorvete" nas forminhas de gelo.

Esperei a cozinha ficar vazia. Misturei o conteúdo do pacote. E, quando estava colocando no congelador - amparado por uma cadeira verde piscina da cozinha para atingir o Congelador daquela Frigidaire gigante- eis que surge minha mãe. Com a pergunta simples. Chama a Zé e questiona se ela havia comprado isto para mim. Antes da resposta da Zé, que provavelmente me insentaria, eu me auto-acusei. E falei que havia surrupiado.

Minha mãe foi até o quarto, pegou carteira e falou "Vem comigo." Me levou ao mercado. Me fez procurar o gerente, devolver o Ki-Suco ainda não usado e pagar, era com moedas-me lembro no detalhe, o Ki Suco que eu havia furtado. E ainda falou que eu contasse que havia pegado.

O Gerente elogiou minha mãe. Passou a mão na minha cabeça. Pegou um Baton de Chocolate Garoto e falou para eu nunca mais fazer aquilo. Na hora a vergonha, depois o exemplo que fica.

Aprendi. E com exemplo se ensina e se passa.

Ninguém precisa ter uma "criação germânica" para distinguir o certo do errado. Criar dá trabalho. A maior parte dos pais prefere terceirizar isto. Eu digo que nossa sociedade antes que querer corrigir o mundo, corrigir o outro, deveria ela buscar "se corrigir". Num mea culpa. Sem culpa ou desculpa, mas a procura de solução de problemas simples.

-A imagem do KiSuco eu consegui em um blog, um "museu virtual" que pode servir de referência para diretores de arte, roteiristas etc e tal. http://retromotoca.wordpress.com/tag/bebidas/

-O Chaveirinho do Merci estava a venda no "Ebay", farei uma oferta.

-Descobri, deve ser por isto que não encho formas de gelo. Até mesmo na geladeira que faz gelo automático. Eu não cuido disto. Trauma de infância. Alguém faça isto por mim ou compro um saco de gelo no mecado ou posto de gasolina.

-No local onde havia este mercado, existe hoje um Super Mercado Zona Sul.

domingo, 27 de março de 2011

Outono

Acabou o Verão. De fato e sem ficção. Para um iniciado no carioquismo é fácil ter a certeza de que o Verão realmente acabou. Ipanema fica menos educada que Copacabana. Fica mais densa. Mais povoada. (A praia) Mas como nem todo mundo é PHD em Rio de Janeiro, tem algo simples de notar. O Sol fica polido. Estilo visita formal. Que pede licença. Diferente do Sol de Verão que nunca se prezou por formalidade ou educação.

Eu gosto desta Estação pois o Rio de Janeiro fica como o Rio de minha infância. Mais vazio. Menos barulhento.

Eu troco meu play list sonoro. Não fica bem ouvir música com cara de Verão.

Foi um Verão light em modismos. E o "Coqueirão" jaz no esquecimento. O Rio é assim. Uma onda engole outra com naturalidade e velocidade. Que Gisele Bundchen não fique vindo muito por aqui. Periga ela virar arroz de festa e, mesmo com toda beleza e glamour, ocupar o lugar do Coqueirão.

O Coqueirão é o Orkut vegetal. Ninguém mais fala dele.