sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Seleção no Engenhão


Sem querer bancar o "profeta do passado", eu esperava um fiasco. E depois que o convite para um camarote "Vip" onde era obrigatório a ida de "van" ao jogo, declinei e ainda achei mal pensado tal "camarote Vip". Se me convidam, eu vou com meu carro, de ônibus, de trem, de táxi, mas quem decide sou eu como chegar. Depois das ridículas camisas convite, agora esta bobagem de andar todo mundo como uma patética excursão de japonês numa Van.

Vamos, de van, aos motivos para o fracasso:

1- O Engenhão.
Pode até ser que um dia o estádio pegue. Por equanto ele só funciona para a torcida do Botafogo. Vamos lembrar que os botafoguenses iam ao Caio Martins em Niterói e a Marechal Hermes. Eles fazem parte de uma torcida que ama tão desesperadamente o seu time. Que ama seu time como um corno clássico, daqueles que sofre, chora e continua amando. Como eles cantam "Ninguém cala este nosso amor..."

A torcida do Botafogo é de longe a mais apaixonada e crítica. Ela praticamente se "auto imola". Ou seja, ir ao Engenhão para eles é moleza.
Agora, para o carioca, o Engenhão ainda é uma coisa perto da Linha Amarela. Ele ainda não faz parte da Cidade. Da rotina. Pode ser que um dia venha fazer.

O Engenhão prova como no Brasil, a Cidade pouca ganha com estes equipamentos. O estádio não auxiliou em nada o entorno. Carece de um planejamento. Carece de estacionamento. As ruas próximas são escuras e estreitas.
A população do entorno não ganhou nada com a construção do Engenhão. Se vier Jogos Olímpicos, será a mesma coisa. Maquiagem e nada de residual positivo pensado na inclusão e na melhoria para quem vive aqui.

2-Preço do Ingresso.
O olho cresceu. 200 pratas para ver o time do Dunga? Sei que internacionalmente não seria um preço salgado, mas estamos no Brasil. Eu pago 500 para ver a Marta no Maraca, mas para ver o time do Dunga. E...no Engenhão. Não obrigado.

3-O time.
Após um fracasso olímpico retumbante, queriam o que? Um time sem alma. Sem brilho e sem brio. Queriam que o carioca se comporte como um provinciano que acha o máximo ver a seleção brasileira? E os caras cobram que fiquem torcendo. Esta seleção está sem alma até na abordagem com a população. Os jogadores falam as mesmas desculpas. Parece ensaiado, mal ensaiado, mas ainda assim sem alma até na desculpa. Saudade de um rompante do Edmundo, uma tirada irônica de um Romário ou até da clareza, ainda que com um bom mocismo estudado, de um Zico.

4- O carioca.
Vamos entender que o Rio de Janeiro, que o carioca, não é um passivo telespectador do Faustão. O carioca tem uma alma diferenciada. Estão tentando matar esta alma carioca. Tentam transformar o Rio e o Brasil em algo pasteurizado, onde só caiba o caricato regional. No resto tem que ser igual e institucional. Tem que ser a cara de São Paulo. Mas o Rio tem uma alma diferente. Esta alma gauche, mas se preciso for, levantarei barricadas para proteger nosso carioquismo.

E para o carioca, se ficar vindo muito, virando figurinha fácil, o carioca começa a não dar valor. Perde a graça. A gente vaia o minuto de silêncio. Reclamou que o Papa tava vindo muito ao Brasil. A gente "chuta" o Caetano Veloso no Leblon, despreza aquele monte de atores que a gente sabe que viu, mas não lembra o nome. Não é ser blasé.
O carioca reclama do que é bom. Isto é o Rio de Janeiro. Alma de Corte.


Expliquem isto para quem vem fazer evento aqui. A Naomi Campbell tá ficando figurinha tão fácil que vai acabar em alguma festa com cobertura do "Sabba Show".

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