domingo, 3 de junho de 2007

Mulheres

Tem um texto meu que rola como um maldito "spam", foi publicado em 2005, por ocasião do Dia Internacional da Mulher. Por este texto eu já fui acusado de feminista e machista. Mera homenagem a mulher. Elas merecem.



Meninas,
O chamar de menina não é uma atitude machista
com o objetivo de diminuir a mulher. Mesmo porque nada mais machista que determinar apenas um
dia para mulher. Coloca a mulher como uma
minoria e pobre coitada. O mundo só muda quando muda a mulher. Sim. A mulher é ventre. E mesmo que
vazio seja este ventre, o ventre simboliza a
criação. O desejo e a possibilidade do novo, assim a mudança, a evolução é representado, ao
menos para mim, pela mulher.

Assumo que sou machista. Seria feio mentir.
Tenho uma criação Latina. Fui criado, em parte vocacionado, para ser
machista. Mas meu machismo,
longe do usar o prefixo neo para indicar
algo novo, não é um “neo machismo”. É
o “masculinismo”. Sim, homens não precisam ser
metrosexuais. Não precisam
dividir a conta. Não precisam ler revista de fofoca a
dois. Não precisam fingir que
se emocionam com filme chato ou gostar de
moda e decoração para
entrar em sintonia com a mulher. Homens
devem ser machistas sim, perdão,
masculinistas. Pretensamente proteger a
mulher. Como se ela tivesse esta
necessidade. Mas a gente deve sim se matar para proteger a fêmea, como bichos que somos, afinal não somos
totalmente razão. Somos macacos que
um dia fizeram uma ferramenta e desceram da
árvore.

“Ladies and Gentlemen”, somos seres diferentes e complementares,
que erramos ao tentar ser
iguais. De ambos os lados. Não existe uma
superioridade, e sim um complementação. A mulher não precisa ser dócil, frágil ou delicada. Mas
pode. O homem com certeza não deve ser
assim.

O homem pode renunciar ao seu masculinismo
de várias formas, uma é confundindo o ser macho, ser homem, com o ser burro. Assim passa a ser um grosso, um estúpido e idiota fora de sintonia com o nosso tempo. Uma outra é se julgar moderno ao se encher de cosméticos estar inserido no rótulo do
vaidoso exagerado, do metrosexual, que mais parece invejar que admirar a mulher. Sejamos
ultrapassados sim. Vamos desejar a mulher.
Vamos proteger a mulher, vamos
ser carinhosos com a mulher. Tratar a mulher
como uma vestal, mesmo que
você tenha conhecido ela num bordel. Ser
apaixonado por uma criatura tão complexa, tão diferente de uma criatura simplória que é o homem. E
que a admiramos exatamente por isto, ser diferente e complexa e incrível.
Sejamos modernamente do século passado.

Agradeço por ter nascido homem. A pressão
absurda sobre a mulher deve
ser insuportável. Um homem sozinho aos 30
anos a sociedade pensa “Está
comendo todo mundo”, uma mulher sozinha aos
30 a sociedade, diz
“Coitada, encalhou, ficou sozinha”. Um homem
sem filhos aos 30 anos é visto
como um cara que está amadurecendo para ser
pai, uma mulher sem filhos da
mesma idade é uma infeliz que não pode ser
mãe. Fora que a responsabilidade da criação dos filhos, da casa é da mulher. Por mais solidário que o homem seja. São conceitos da época das cavernas,
o homem saía para a caça e a mulher cuidava da prole e da caverna. Hoje a mulher sai a
caça , em muitos casos como o homem. Ajuda e
participa, mas o estereótipo e a pressão sobre a mulher,
ainda é da época das cavernas. Não
podemos negar a força do hábito e da
condição que vem de séculos e séculos.
Além de todas estas pressões, que se
configuram, com perdão da má
palavra, como uma sacanagem com a mulher,
uma das outras coisas que eu
agradeço por ter nascido homem, é exatamente
por existir a mulher. Se não
existisse a mulher, eu poderia nascer
qualquer coisa.
A mulher é a força na fragilidade, é a inteligência, é a
sedução, é o cheiro bom, é a surpresa, é a fina
ironia, é o sorriso, é o comando discreto,
enfim, a mulher é tudo de bom.

Para mim a mulher merece os 365 dias do ano,
e deixar o dia extra do ano bissexto para o homem.
O que temos para comemorar, se não a mulher?
Vivemos em função delas, ora. A mulher é tudo.
Falo como marido, como
pai, como colega de trabalho. Falo como
homem, que admira tanto a mulher
que tem coragem de assumir, mesmo no século
XXI, o seu machismo. Que não
se inibe de mandar flores, de brigar, de
abrir a porta do carro, de
escrever um poema e de dizer eu te amo. E que tem a certeza de dizer que só vale a
pena ser homem por causa da mulher, mesmo
que isto provoque a ira dos
politicamente corretos e metrosexuais
egoístas.

Mulheres, fiquem com a parte boa do
machismo, vale a pena ser mulher
sim. Tem sempre um homem apaixonado por
vocês, em alguns casos mais de
um, e, em outros casos, mais de uma.

Beijos e Feliz Dia da Mulher e Feliz outros
364 dias. Vocês merecem.

Guto Graça

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