quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Carioca e não gringo

Eu já fui abordado por insano na rua alegando que eu era "um X-Men disfarçado".Já dei autógrafo para uma turista brasileira que insistia que eu era "alguém bem famoso que ela não sabia quem era"(ok, eu estava de chapéu Panamá e um terno claro, praticamente ultrapassando a fronteira do estilo e se inserindo na fantasia).E já tive uma namorada famosa e ocasional(a fama e o namoro) que reclamava que as pessoas olhavam mais pra mim que para ela quando a gente saía.(Provavelmente em função de meu "uniforme" camiseta preta+calça jeans+óculos escuros). Mas nada incomoda mais a um carioca que ser abordado por vendedores para turistas. Isto não é de hoje, mas hoje foi realmente o limite.

Hoje numa caminhada por Copacabana, vendedores de kanga vieram falar comigo em inglês. Prostitutas em frente ao Othon -"du iú laike, prince". Escultores de castelos de areia. E até mesmo um vendedor de cerveja que tentou me vender uma Skol em todos os idiomas que ele conhecia. Terminando com um "A Birra tá Freda pode confiare".Provavelmente aprendeu italiano com as novelas do Benedito Ruy Barbosa. A mulher do passeio de barco vindo falar comigo em inglês, alemão e tentando arranhar o russo, ouviu de mim. "Doce, eu vou de barco pras Cagarras desde os 6 anos, caraio". E rimos sonoramente juntos.

Para um carioca. Nascido e criado no Rio. Para um carioca que teve avô dirigente de clube de futebol. Para um carioca que foi dirigente de clube de futebol. Incomoda esta confusão. Para um carioca que roda esta Cidade da Zona Norte a Zona Sul. Para quem teve pai com placa de homenagem em quadra de escola de samba, ser confundido com esta freqüência com não brasileiros, incomoda tanto quanto ter a caixa de e-mails lotados de spams convidando você para uma Micareta, para a liquidação da Toulon ou da Taco, ou então uma promoção de hotel em Iguaba ou Praia Grande. Coisas que ofendem quando a gente recebe.

E no dia do Padroeiro, um agradecimento por ter nascido e por viver aqui.
Eu te amo, meu Rio de Janeiro a Dezembro.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom. Ao menos não duvidaram de sua masculinidade. Não confundiram você com um francês.O Rio de Janeiro está lotado deles.
Daniel

gutograca disse...

Daniel, cuidado, o politicamente correto pode lançar uma ONG em defesa e processar você por discriminação: "francófobo". Só rindo mesmo. Abs, GG