terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Cariocas não são bairristas


O Rio de Janeiro foi uma cidade que inventou a globalização antes desta palavra existir. Basta uma bola na praia e ninguém se interessa em saber seu nome. Sua origem. Classe social. Se você estiver com a camisa do Barcelona com o nome do Messi nas costas. Pronto. Seu nome é Messi.

No Rio de Janeiro você vê Presidente de multinacional tomando um "choppinho" num boteco conversando sobre futebol com um humilde trabalhador. Amigos de chopp.

O Rio de Janeiro usa camiseta e havaianas. E tá todo mundo igual. Pronto.

Os jornais do Rio são : "Jornal do Brasil", "O Globo", "O Dia"...nada referente ao nosso Estado. Como em Minas ou São Paulo(Folha e Estado).

O Rio até perde em representação política. O parlamentar do Rio tem "vergonha" de ser "bairrista". De defender causas importantes para o Estado. Como os Royalties  do Petroléo, que agora querem tungar o Rio. Parlamentar do Rio quer pensar o País. Afinal, alma de Corte. Dificil conseguir ser "provinciano". 

Quando o Brasil era Rio de Janeiro, o Brasil não era um enorme programa de auditório com BBBs disputando uma audiência na TV. Não é saudosismo, é constatação. Tinha mais massa crítica.

O Rio tem um pouco do nordeste, do sul, do norte. Tudo misturado, dando uma receita nova com uma cara, a cara do Rio. A cara do Brasil.
Aqui o Tutu mineira ganha uma nova versão. A moqueca capixaba vira capixaba, mas acariocada. O acarajé fica menos "quente" e até o "fogo paulista" e o "Bauru" tem versões tipicamente brasileiras, quer dizer cariocas. Muda o original, permanece a essência. A essência do Brasil.

O Rio teve coragem de eleger, durante o Regime Militar, o seu maior inimigo para Governador.Talvez uma eleição única no mundo.

No Rio de Janeiro, o "fenômeno" Collor, não vingou em 89.

No Rio de Janeiro você encontra cariocas de todas as partes do mundo. Conheço cariocas argentinos, cariocas mineiros, cariocas pernambucanos, cariocas gaúchos, cariocas cearenses, cariocas franceses. Ser carioca é escolher o Rio. E para isto você não precisa negar sua origem. O Rio de Janeiro não é ciumento. 

O Brasil fica mais brasileiro quando fica mais carioca. O Rio de Janeiro é resumo do Brasil. Sem pretensão de ser melhor. Apenas de ser o resumo de um País como tanta multiplicidade maravilhosa. Com tantos "Brasis". E o Rio aceita com carinho todas estas influências, como uma Cidade de mar. Aberta as novidades.
Não é bairrismo. É constatação.
O Rio mora no coração do Brasil, porque o Brasil inteiro mora no coração do Rio.

PS: Esta foto não é minha.


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