terça-feira, 18 de março de 2014

Em Família


Se existem duas "instituições" que não precisam de "defesa" poderíamos incluir a  TVGobo e o Manoel Carlos em se tratando de teledramaturgia. O histórico de ambos fala por si só.

Assistir novela do Maneco é como assistir algo do Robert Altman. São verdadeiros "short cuts". Diversas histórias. Novela do Manoel Carlos, muito mais certo que ter o Leblon de cenário, é que você pode sumir com o protagonista por 15 dias e as pequenas tramas são interessantes que você nem nota o sumiço do protagonista. Como se ao mesmo tempo existissem diversas novelas dentro da novela. Os núcleos secundários tem vida. Tem texto.


O resultado é este: TODAS AS CAPAS DE REVISTA DE NOVELA, repito TODAS com as tramas da novela Em Família. Não apenas por ser a N21H TV Globo, mas sim por ter uma multiplicidade de tramas. O dia-a-dia. Sem personagens excessivamente caricatos. Sem bordão. Uma novela que se vê e se fala. Uma novela que se vê e se escreve sobre. Algo que bebe no cotidiano, uma crônica. Retratos da classe média.

E um destaque, talvez nem mesmo o Humberto Martins soubesse que é tão bom ator quanto tem sido na obra em questão.

Para finalizar, depois de ouvir um bando de questões como "Natália do Valle não tem idade para ser mãe da Julia Lemertz". A idade de um ator no RG pouco importa.

Em "The Graduate - Primeira Noite de um homem",  a Mãe, Anne Bancroft, Mrs Robinson, uma coroa madura (e linda) se relacionando com um pós adolescente, Dustin Hoffmann, que era namorado de sua filha Katharine Ross.
Detalhe:
Anne  Bancroft nasceu em 1931.
Dustin Hoffman em 1936.
Katharine Ross em 1940.


Agora um pouco das idades em novelas no Brasil.

AMOR A VIDA
Nathalia Timberg 84 anos 
Mãe de Suzana Vieira 71 anos

SANGUE BOM
Fafy Siqueira 58 anos
Mãe de Giulia Gam 46 anos

SALVE JORGE
Giovanna Antonelli 37 anos
Mãe de Mariana Rios 28 anos

A FAVORITA
Murilo Benício 42 anos
Pai de Mariana Ximenes 32 anos

AVENIDA BRASIL
Adriana Esteves (Carminha) 44 anos
Mãe de Cauã Raymond 33 anos.

Um comentário:

Unknown disse...

Concordo! Aliás, essa nuance das conversas banais do dia a dia, o tomar café da manhã, menos gritos e mais cotidiano é o que me encanta nas novelas dele. Quanto as idades? Que preguiça! É muito preciosismo dos pseudo-novos-críticos de internet. Sério, o que me incomoda, na verdade, são outras duas questões: 1) Para a novela ter engrenado desde a estreia a edição deveria ter sido invertida. Começaria em 2014 e aí sim viriam os flashbacks para contar o passado (que inclusive passou a ser usado nos capítulos mais recentes e na maioria com cenas já vistas). Para completar, esse período inicial da trama foi longuíssimo (mais de 1 semana) e com muitos atores desconhecidos. Sério, Amor à Vida, apesar dos furos, tinha a seu favor uns 4 personagens de um carisma e interpretação irretocáveis, bem como uma trama ligada no 220W. A mudança para um contexto bem mais lento demora a ser digerido pelo telespectador. Por isso uma passagem mais equilibrada entre uma e outra precisava ter sido feita. Essa inversão teria deixado a trama melhor amarrada: facilitaria na identificação de quem era quem e traria essa agilidade necessária para o início (mesmo que ao modo Maneco).

Ponto 2) As duas últimas Helenas do Maneco não têm carisma. Fato! A Taís Araújo foi esmagada pelas magníficas atuações de Alinne Moraes (paraplégica) e de Lilia Cabral. Julia Lemnertz (mesmo com a homenagem a mãe dela), desculpa, não convence. Falta força, beleza, pimenta, sal, açúcar, bagagem, luz ou seja C-A-R-I-S-M-A. Sabemos que Helena é sinônimo de uma mulher comum. Como eu, a sua vizinha, a vendedora de sua livraria preferida ou a sua secretária: uma mulher que tem problemas, erra, chora, ri... Não é mocinha e nem vilã. Anda na corda bamba, no meio termo, mas é apaixonante. Precisa ser apaixonante! Os telespectadores precisam comprar aquela história e defender a protagonista, mesmo com todos os erros e defeitos. Infelizmente nas duas últimas novelas isso não aconteceu. Antonelli, Gerbelli e até mesmo Marquezine (que arrebentou como Helena jovem) têm muito mais carisma e segurariam muito melhor esse “rojão” (que venhamos e convenhamos não é para qualquer uma). A vantagem é que todo resto do elenco e da história são tão deliciosos que mesmo, como você disse, quando a protagonista some por 15 dias não faz nenhuma falta.