sábado, 11 de fevereiro de 2012

A imprensa e a cobertura da greve das polícias no Rio de Janeiro

Determinados fatos demandam uma abordagem com inteligência. De quem lê. E de quem constrói a notícia. Importante a clareza e a veracidade. Mas não devemos clamar por um estilo de cobertura que beira o espetaculoso. Como se estivéssemos diante de um programa de tv, ou ficção.

Estes momentos de espetáculo ou ficcional podem ser inocentes. Podem ter algum fundamento no interesse do dono da palavra, do veículo. Como algumas pessoas alegam a cobertura dos arrastões na praia de Copacabana na véspera de eleições municipais, tinham interesses diferentes que a mera notícia.

No caso da greve das polícias, longe de entrar no mérito, na justificativa, de citar parlamentares possivelmente envolvidos, da boa presença da Presidenta Dilma, ou da própria greve, se atendo apenas na cobertura da imprensa, até agora a mesma foi madura. Precisa. Não usou o espetáculo para "vender o medo" e com ele capas de jornal. Fez um pacto silencioso. Não com este ou aquele governo. Fez um pacto silencioso com a sociedade. E nos jornais uma cobertura que me lembra muito a cobertura de casos que acontecem em Israel. A imprensa noticia. Não omite. Mas não transforma o ato em espetáculo.

Em resumo, parabéns a maturidade da imprensa carioca. Que "não bateu palma para maluco dançar".

2 comentários:

Cecília Olliveira disse...

rs! realmente, discordo. Eus estive nos atos de reinvidicações e o que vi na cobertura da imprensa "madura" é uma outra "realidade", bem diversa da que eu vi e vivenciei. Os erros vão desde o número de presentes da Cinelândia - que em muito passavam os 2500 manifestantes - até a "legalidade" da obtenção de aúdios de conversas de líderes grevistas. Os erros ficam ainda mais grotescos qd vejo uma repórter fazendo julgamento e afirmando que "fica CLARA A INTENÇÃO de estender a greve para outros estados e prejudicar o carnaval" ao analisar uma fala que não tem nada disso. Tenho vergonha da imprensa "madura" que não explica nada ao seu públio, que não diz que o Policiamento do Cordão da Bola preta foi feito por ALUNOS do CFAP e que alunos não podem andar armados e nem fazer policiamento. Me envergonho qd a criminalização de movimentos sociais sai do informativo e vira torcida. A greve da polícia é ilegal? é. Mas ela é legítima. Pq não informam a diferença disso? pq não analisam o quadro? Acho bom que se filtre infos pra nao alardear pânico, mas desde que moldadas pela veracidade e idoneidade.

Anônimo disse...

Guto,
Parabéns pela observação (que me desculpe a Cecília, rs).
Confesso que esperava algo mais espetaculoso, contribuindo para uma sensação de insegurança generalizada - maior que a própria realidade.
Além de militar, sou formado em comunicação e se tenho um áudio daquele, com aquele conteúdo...divulgo o mais rápido.
A imprensa carioca cumpriu seu papel social. Informou com uma responsabilidade madura - sem gerar pânico, irresponsabilidade ou espetáculo.
Aproveito para parabenizar tb os militares do Rio que trabalham normalmente e não espalham o medo e a insegurança, como em Salvador.
Ilegalidade é ilegalidade e pronto, ponto final. Não interessa se os salário são ridículos (e são). Para os militares (eu me incluo ai), o fato de entrar em greve ou sindicalizar-se é ilegal. TODOS SABEMOS disso quando fomos VOLUNTÁRIOS. Se o fato é legítimo, que atuem dentro da legalidade. De modo inteligente, mas dentro da legalidade. A legitimidade não pode ser desculpa para a ilegalidade.
Se não estão satisfeitos lutem de modo mais inteligente e legal ou..."peçam para sair".

Um abraço,
Marcus.