quinta-feira, 24 de julho de 2008

Mais uma de "cafetão da pobreza"


O filme "Era uma vez" passeia num tema que é caricato. A menina branquinha, rosinha, cheirosinha e riquinha da zona sul que se apaixona pelo favelado. Claro que o amor foi feito para vencer barreiras. Não necessariamente o mito do amor romântico e patético Tristão-Isolda, Romeu e Julieta e similares. Mas este tipo de escolha mais parece algo com o objetivo fútil de fingir querer "pertubar" a classe média branca e idiota. Quando na verdade só pertuba quem tem critério anti-oportunista.

O problema não reside no tema, mas sim na exploração sistemática de nossos pobres, de nossos menos favorecidos. Cineastas ganham sempre nas costas de mostrar algo que a classe média e o asfalto acabam achando romântico, mas para quem conhece vê no retrato dos cineastas classe média algo piegas e distante da realidade: a vida nas comunidades. Transformam em seus filmes a favela em algo como um zoológico. Ou seja, os caras ganham com a miséria alheia e a mídia apoia como se este tipo de demonstração hipócrita ajudasse alguma coisa a quem vive nas comunidades retratadas.

Claro, para completar a "pelasaquice" de forma institucional , provavelmente vão fazer alguma doação de um dia de bilheteria ou exibição em comunidades. Teremos matérias sobre este tipo de exibição em salas nas favelas como se fosse algo de muito relevante.


A pobreza já tinha virado negócio. Dinheiro e voto.
Agora também é bilheteria.

Um comentário:

Unknown disse...

Concordo. É como essa notícia que eu vi outro dia: "Especialistas temem nova crise de alimentos na Etiópia, como a dos anos 80, que matou um milhão de pessoas". E enriqueceu dezenas de roqueiros decadentes, acrescento eu...

Aliás, estou cansado de tanto político, ONG e artista contra a desigualdade social e a favor da paz. Quando é que alguém vai ter coragem de defender um outro lado? Sei lá, fazendo uma Caminhada Cívica a Favor da Violência e Pela Desigualdade Social, por exemplo.