quinta-feira, 21 de junho de 2012

Pedalar no Rio com chuva. Pedalada noturna


Num dia de grande evento na Cidade, onde boa parte das comitivas parece estar curtindo mais o RioSul que o RioCentro, digo que a Cidade está maravilhosa. Em todos os sentidos. No sensorial. Aromas, por exemplo.

A chuva, providencial, protegendo os visitantes da praga nossa de todos os dias, dengue. E a Cidade num colorido que parece a ONU com um quadro do Zorra Total a julgar pela variedade dos trajes e cores.

E numa noite de chuva, após o brilho na tarde - sim em função do fuso do outro lado do Atlântico, após o brilho vespertino do Ronaldo lusitano, uma vitória épica que parece querer redimir uma geração que teve no seu início, seu ápice. A vitória sobre o Brasil no Sub 20 da FIFA de 1991 com o velho estádio dos encarnados lotado como no passado. Pois o português, que tem alguma coisa de Michael Jackson, pelo pop, pela genialidade, pelo desejo midiático. Pois Cristiano Ronaldo  é bom de bola. E decisivo. Ao menos até agora foi. E Portugal vem oferecendo  uma superação coletiva, um amor pela bola e a presença do talento individual decisivo. Chamando para si a responsabilidade. O título, se vier, é um detalhe. Mas parece que ficará em boas mãos caso vá para Lisboa. Portugal, pelo histórico nos últimos 10 anos, está entre os grandes do futebol. E EuroCopa é uma festa. Das que eu mais curto. E pelo prazer presencial nem a Copa do Mundo chega perto. A proximidade dos Países na Europa e a malha de transporte faz a festa das torcidas se deslocando.

Um "Bansky Tabajara" em Ipanema.

Quiosques Aromáticos. Flores. Caril/Curry. Chuva.Terra molhada. Praça Nossa Senhora da Paz.
Voltemos ao Rio com chuva. Pedalando, ao ver minha sombra, com capuz e a cesta na frente da magrela, a inevitável  lembrança da cena clássica de "ET". Mas sem Bicicletas Voadoras. Assim como a lembrança paternal, do "Parapluie de Cherbourg", mas sem Catherine Deneuve.

Pedalar na chuva resgata um prazer quase adolescente. Despretensioso. Completamente sem motivo. Sem razão ou responsabilidade. E pedalar na chuva, adulto com esta consciência é como terapia de regressão. Sem nostalgia. Sem paranóia. Sem dramas. Apenas relaxar. Aproveitar a chuva. Ver o mundo como uma pintura impressionista. Sentir o aroma da chuva, da terra molhada, mesclado com o aroma das flores dos quiosques da Praça Nossa Senhora da Paz. Ouvir os sons além do próprio Ipod. Ver a convivência harmoniosa de um samba, dos bons saindo de dentro do Bip Bip com direito a Alfredinho reclamando, com um Hendrix do lado de fora e um pagode rasteiro e popular. Aqual mistura que Copacabana sabe fazer. E fica um passeio completamente sensorial. Campo para todas as sinestesias de cores, sons e aromas.

O Rio com chuva fica perfeito. Quem não nota é por falta de sensibilidade. Ou por ser um chato. Pedalando é como se sentir com 15 anos. Sem para isto ser completamente ridículo. Apenas o limite tolerável.

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