O que cabe a um hetero no combate a homofobia?
Defender causas alheias é algo muito natural para mim.
Fui criado desta maneira.
Fui criado desta maneira.
Lembrando de conversa com meu pai. Que falava da coragem do
Agnaldo Timoteo em ser gay no meio da repressão. Meu pai falava “tem que ser
muito macho para fazer uma música assim durante a ditadura”. No caso, Amor
Proibido, que reproduzo aqui.
Assim, mesmo sendo criado no machismo latino, de usar
palavras não elegantes para definir "jeito ou trejeito", sempre entendi, que se
houvesse uma violência imotivada contra alguém, eu, nem que fosse por atavismo, me
levantaria. E , que perdoem a grosseria ou sinceridade, mas sempre fui no clima
“mexeu com uma bicha minha, mexeu comigo.” E pode substituir o “bicha” por
qualquer outro ser termo politicamente correto ou adequado. E o "minha" por qualquer pessoa que esteja no meu campo visual ou de conhecimento. Não sei se é errado ou certo. Mas não sei ser diferente. Não sei ser indiferente.
Cresci com um pai que é claro que trazia a homofobia latina.
Esta do termo chulo e vulgar. Da brincadeira "delicada como numa borracharia",
mas ainda assim, um pai que desceu a porrada num cara no meio da rua pelo mesmo
ter desferido um soco no rosto de um rapaz negro, magrinho, que vestia roupas
afro. E meu pai , se aproximando de mim e de Chico, um motorista, se
desculpando, falou “O cara bateu na bichinha só porque ele
era viado, meu filho...” Então, sou produto desta falta de educação. Do fino trato, mas ao mesmo tempo da capacidade de se indignar com o errado.
Numa das primeiras viagens a Manhattan, indo ao Corner
Bistrot, comer o melhor hambúrguer de Manhattan, fiz questão de passar em
frente a Stonewall. Sempre admirei os que lutam. Sempre vou estar do lado dos
que lutam. Assim cresci e fui formado - pessoas devem respeitar uns aos
outros. Sem impor. E eu ainda sigo sem entender porque pessoas escondem suas orientações
sexuais. Aliás, não escondem. Reprimem. E eu penso : “Galera, teve gente aqui que
lutou pelo direito de ser quem você é. Não se esconda.” Fácil falar isto. Não
sofro preconceito. É muito fácil falar do que você não sente na pele. E num País
onde tem gay espancado até a morte, mesmo sem aceitar, acabo tentando entender
os medos. Bom poder mudar de idéia dentro do mesmo parágrafo.
Acredito que um dia viveremos sem a ditadura de comportamentos
morais, mas regido por uma única ditadura, a do COMPORTAMENTO ÉTICO. E esta - será soberana e vencerá. Demora. Mas vence. Moral varia de acordo com avanços
de cada sociedade. Ou em critérios de “tempo, latitude e longitude”como ouvi
nos tempos de IFCS.
Comecei escrevendo o que um hetero pode fazer por uma causa
que não é sua. E respondo. Evoluir. Exemplo : Nunca me opus a união civil entre pessoas
do mesmo sexo. (Se podem abrir uma empresa, que impede de "abrir" uma família?) Mas
lá no final do século passado em olhava com restrições a adoção por casais de
uniões homo afetivas. Hoje acho muito errado como eu pensava.
Enfim, o que você
hetero pode fazer no combate a homofobia?
Entrar no Século XXI.