Existem pessoas que contrariam as máximas e os rótulos. Ainda estarrecido e muito dolorido, com a morte de uma pessoa querida. Uma pessoa que contrariava o rótulo de "cunhado", quase sempre uma alcunha que nos remete ao inconveniente. E no caso do Manequinho, era exatamente o contrário. Uma pessoa que o papo, o momento, sempre fora deliciosamente despretensioso. Onde quer que ele estivesse, seria conveniente sua presença.
Eis as palavras que tanto me aproximavam do irmão de minha ex mulher: despretensão e leveza. Duas palavras que julgo inerentes ao bem viver.
Os papos musicais, sempre fantásticos. Com substância. Sem pretensão. Sem bancar o "professor de Deus". Afinal gente que banca "Professor de Deus" nunca será leve.
Entre muitas leves e divertidas passagens, acabei lembrando da cena em que eu, ele, seu filho e minha filha, andavam me mãos dadas em um shopping em Orlando. Estavam os debates sobre a união civil de pessoas do mesmo sexo em diversos estados norte americanos. Capa de revista com "A Nova Família". E as pessoas que passavam nos olhavam muito dedicadamente. Ele solta a pérola :
-"Guto, notou como estão nos encarando? Acho que as pessoas tem certeza que nós 4 somos a tal nova família..."
E com risos é que eu tenho a obrigação de me lembrar de você. Era seu sorriso "salve salve simpatia" que contagiava. Você tinha outras qualidades, mas eu prefiro ficar com a leveza, o bom astral, o sorriso, o bom gosto musical e com o fato de ser uma pessoa que poderia usar a camiseta 100%DO BEM. Coisa que cada dia menos gente pode usar.