terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Copas que vi e o Brasil

Claro que futebol e política são coisas distintas. Muito. Se misturam um pouco mais no Brasil pela falta de clareza do que é público e do que é privado, bem como pela irresponsabilidade fiscal dos dirigentes de boa parte dos Clubes.

Fazendo uma relação hipotética entre as Copas do Mundo que vi e o momento político vivido pelo País, acredite, faz sentido como a Seleção espelha o momento.

1982
Em 1982 o Brasil vivia o distencionamento do Regime Militar. A possibilidade de Eleições Diretas deixava o Brasil numa perspectiva “pra cima”. E tivemos uma Seleção que jogava com a alegria do “sonho possível”. O resultado foi igual a possibilidade de eleições diretas, ficou no caminho. Mas o time de 82 fica no ideário de cada pessoa que o viu jogar.  Memória afetiva. Assim como 1982 trouxe as Eleições de candidatos "inimigos" do Regime Militar, como Brizola ganhando na bola, digo no voto. 
1986 
Quatro anos depois, vivíamos a “Nova República” e o time do Brasil parecia um café requentado. Como a desilusão com a Nova República e os fiscais do Sarney.  E o time de 1986 fica no meio do caminho, tal qual a desilusão repetida.

1990
Agora o ano é 1990. A Copa na Italia. No Brasil,  a “modernidade”  tem uma cara :  Fernando Collor. E no futebol a “modernidade” tem líbero e Lazaroni. Resultado mais que previsível.  Vergonha da pseudo modernidade e os dois, Lazaroni e Collor, saindo pela porta dos fundos.  Junto com o líbero é bom lembrar.

1994
Em 1994 o Brasil do Fusca e do Itamar. E Itamar, fazendo o seu sucessor, efetuando a maior troca de moeda da história do Planeta. Tudo meio ao acaso. E o acaso escala uma zaga reserva (a terceira opção)  que joga uma Copa de titular, de craques. E o time de Oito zagueiros teve a sorte de ter Romário na frente. Resultado, ainda que não previsível, Brasil campeão. O acaso protegeu e guiou. Incluindo a bola do Romário na final. E a do Baggio também.

1998
No vexame da final da Copa da França , com o ataque do Ronaldo R9, pareceu bem os anos FHC. Não, não se trata de privatização do futebol. Mas sim uma equipe educada e diplomática. Seria feio ganhar da França na véspera do 14 de Julho. E a Copa de 98 o Brasil leva 3 gols na final. Até então a maior vergonha do futebol brasileiro. Que tentavam dizer que não "fora uma derrota"chegar até a final. (Aguarde até 2014 quando Felipão propiciará a maior vergonha do futebol brasileiro, talvez mundial.)

2002
Nova Final. E desta vez o Brasil ganha. Aquele clima de FHC tendo a satisfação de "passara  faixa" para o Lulinha Paz e Amor (quem conhece sabe disto, Lula era a continuidade da vaidade de uma estrada pavimentada por FHC e Serra não faria esta estrada de vaidade ser tão brilhosa) e parece que o Brasil teve uma empolgação pragmática e a Copa do Japão/Coréia de 2002 veio para o Brasil. Mesmo com Vampeta e Felipão no mesmo time.

2006
Chegamos na Copa da Alemanha com a Seleção mais forte que vi o Brasil montar. Em qualidade de jogadores foi disparada a melhor equipe. Mas mesmo com tudo para dar certo, faltou sabedoria para utilizar os recursos.  A tal da eficiência/eficácia. E uma Copa que era certa para ganhar e fazer história, foi perdida. Muito marketing, muita falação e uma total Falta de gestão. Poderíamos ter ido mais longe neste momento. Faltou gerenciamento.

2010
A Copa da Africa em 2010 parece que o Brasil resolveu querer inventar a roda. Trouxe um técnico sem nenhuma experiência para comandar o Brasil. E o time, acabou naufragando na falta de diálogo do “Comandante” Dunga. Um prenúncio de um Governo que se comunicaria mal?

2014
Finalmente a Copa no Brasil. Eis a nossa maior vergonha da história dos Mundiais. Aliás a maior vergonha da história do futebol em Copas. Um 7 a 1 que não precisa de comentários. ( #copadascopas e #micodosmicos. ) Mas a relação com o momento do Brasil não é no 7 a 1, mas sim com algo bem simples. Apesar do “scout” ser positivo, sim o time ficou entre os 4 finalistas, coisas que não ficava desde 2002. Tal qual o Governo Dilma. Não adiantava melhorar índices. Não adiantava tirar o Brasil do mapa da pobreza. Parece que em se tratando de futebol e de País, o Brasileiro está ficando exigente. O que é ótimo. E pouco importa se o pato é macho, o povo quer o omelete. Tanto que mesmo com os avanços claros (até mesmo para você eleitor do Aécio), Dilma teve dificuldades para se reeleger.

Agora o retorno (ou seria insistência?) de Dunga significa a continuidade de um trabalho mal feito? Uma tentativa de melhorar dentro do possível? Uma volta ao passado? Uma guinada a direita? Um golpe bolivariano? Só o tempo dirá que tipo de relação faremos sobre a Copa de 2018 na Russia.


Eu fico na torcida pela Dilma.
E pelo Dunga, é claro.