Pois é...
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qualquer texto com um “pois é” significa o estar sem palavras. Longe
de querer a titularidade da dor dos seu Pai ou da sua Mãe... mas a dor deles doeu em mim.
De verdade. Somada a dor de minha filha, (por toda adoração e quase um saudável
Édipo com o Tio), e de minha ex mulher,
amiga e companheira, que, tal qual seu Pai, perde mais um ente muito
próximo, muito amado. Sentem e sentirão a sua ausência. A ausência de sua
personalidade magnética e iluminada.
Fatalidade.
Destino. Sacanagem. Não tenho palavras. Lembrei da coincidência : você fez a primeira viagem internacional, sem seus pais, comigo. E quis o destino
que fizéssemos esta. Nova York-San Juan
de Puerto Rico-Belém do Pará- São Sebastião do Rio de Janeiro. Nunca tive um voo tão cruel. Nunca tive uma semana tão longa em minha vida.
Mas, para mim era como se eu estivesse voltando com aquele moleque de 9 anos,
que a mãe confiou em mim para leva-lo para fora do Brasil pela primeira vez.
Conversamos muito no voo. Era minha
obrigação lhe levar de volta para sua devotada Mãe. Foi combinado assim.
Cara, não dá
para escrever um texto para você sem usar a palavra “Cara”. Tudo ainda dói. Rio
de você ter me levado ao Harlem mais vezes do que imaginei visitar o bairro do
livro que lhe dei, “The Blind Man with a Pistol”. Você , mais que ator, foi um
roteirista com um nível de detalhe precioso nesta história.
Eu chamei
Deus para a porrada. Tem coisa mais insana, patética ou pueril? Mas era a forma
que me restava. E se você viu, riu. Assim como todos os demais que assistiram. Ao menos servi para provocar risos. Você escreveu isto, Pedro. Era momento que alguém precisava de um "mico" para aliviar o ambiente.
Estamos mais de uma semana vivendo esta despedida. As questões terrenas e funcionais. E sua sobrinha Mariana mostrou que é muito forte. Talvez vivamos o resto de nossas esta
despedida, não a funcional, mas aquela que marca a nossa alma. A despedida que não houve.
Pois é cara,
faltam palavras. Sobra saudade. E assim será.