quinta-feira, 8 de março de 2012

Berlim


Existem cidades que são "moráveis" e outras que são "para morar". E Berlim, mesmo sem eu nunca ter morado por aqui, julgo que se encontra no seletíssimo grupo de "para morar". Adoro retornar aqui.


Poder usar casaco de couro uma boa época do ano faz com que ela seja interessante, mas ainda assim não seria o suficiente, afinal em Anchorage AK, com todo carinho e respeito, também pode.


O que faz Berlim ser interessante vai desde a sua história, ainda nos anos 30, algo fascinante, a passagem do comunismo dividindo uma Cidade - algo inimaginável para quem não viveu os tempos de Guerra Fria. Eu tenho referências pessoais da infância que me remetem a esta Cidade. E começam na estante do meu pai com o livro "O Espião que veio do frio" os papos com meu avô e depois mais tarde com o filme de Win Wenders. A arte urbana e uma cidade que se respeita. Se moderniza. Mas mantém os seus "cantinhos como uma espécie de Lapa" onde floresce uma cultura que não aspira a pretensão de ser contra-cultura, apenas de se produzir algo criativo. Sem pretensões. E desta despretensão surge o novo. E isto me lembra demais o Rio. Sim, eu só consigo amar cidades quando eu encontro nelas algum ponto comum com o Rio de Janeiro. Não é etnocentrismo, nem egoísmo, é amor, é carioquismo mesmo.


Berlin tem ruas escuras a noite. Enquanto boa parte das capitais européias aumentaram a quantidade de luzes, Berlim propicia caminhadas deliciosas na madrugada fria, deserta com pouca luz. Algo confortante sem letreiros pulsantes , painéis publicitários excessivos, uma cidade iluminada como a luz fria , ou o excesso de luz que são expostas as batatas fritas antes de serem servidas no McDonalds. Por falar em McDonalds, sim, me incomoda um pouco ver o mesmo plantado na Alexanderplatz. Me remete ao delicioso "Good bye Lenin" um daqueles filmes que quem ainda não viu está em falta consigo mesmo.


E Berlin é tão interessante que contraria até aquela máxima vulgar e popularesca, "puta não sente frio". Aqui as meninas de difícil vida fácil, a maior parte com tipo físico do leste europeu, atléticas, não sucumbem ao frio exibindo seus corpos com roupas de ski. Nossas meninas em Copacabana, também atléticas, usam as roupas de ginástica, elas aqui, para segurar o menos dois graus de hoje, estão nas ruas usando roupas de ski.

terça-feira, 6 de março de 2012

Cinema em tela pequena, muito pequena

Acredito que o confinamento do avião nos proporciona ver filmes. Com certeza depois do cinema e das cabines da FOX (aqui com uma ponta de saudade) o local que eu mais vejo filmes, são nos aviões. Apesar da micro tela contrariar a dimensão da "tela grande".


Hoje tirei o atraso em 5 filmes que eu estava querendo ver. "Vi Se beber não case 2". Divertido, mas daquelas coisas que o interesse financeiro foi maior que o prazer do primeiro, assim como Matrix. O que vem a seguir é digno, porém completamente dispensável.


Vi Horrible Bosses, uma espécie de "Strangers on a Train"("Pacto Sinistro") para dummies. Parece um seriado de TV, meio Two and a Half Man.


Parei para assistir e sentir, "Descendants". História boa. Bem contatada. Uma nova visão de drama. Coloca o homem como o "esteio afetivo" de tudo. E isto nem Frank Capra fez. Desta forma isto é novidade no cinema. O filme é bom. Apesar do moralismo onde "a mulher distante do marido se envolve com um cara e ela romanceia uma vida que o cara que ela se envolveu nem sabia que ela pensava num sonho tão tolo para sua fuga da realidade". Ou seja a mulher em coma é uma besta. Poderiam nos ter poupado do moralismo misógeno. Poderia haver algum tipo de retorno. Ou será que é sempre assim, a mulher faz papel de idiota e romanceia o que um homem casado vê apenas como uma pulada de cerca? Clooney está perfeito. Consegue ser humano. Ser pequeno. E ser grande ao mesmo tempo. Como devem ser os humanos e não arquétipos da vilania ou uma eterna alma de "Melanie" do E o Vento levou. A personagem com mais elevados padrões de caráter que o cinema já fez. O filme mostra esta nova Hollywood, que pega roteiros como Miss Sunshine, Juno, Spanglish, As good as it gets e faz um belo filme, sem a paranóia ou a inveja do bom cinema europeu e sem esquecer que estão fazendo cinema nos Estados Unidos.


E vi também New Years Eve. E neste confesso que chorei. E não foi pouco. A convenção de Genebra ainda vai proibir a partiicipação de animais e personagens terminais, principalmente os realizados por grandes atores, como De Niro, que de tão discreto, rouba a cena. E este filme, cheio de personagens, meio sem um enredo, com uma trama em aberto, resolve e entretem bem. E Nova York participa do filme como atriz e tema. De todos, o único que veria de novo. Por Nova York e por um De Niro em cima de uma cama esperando para morrer que me colocou repensando em muita coisa do que faço, fiz e farei. Bom quando um filme simples deixa a gente assim, pensando.


domingo, 4 de março de 2012

Releituras e nostalgias


Eu ando muito anos 90. Culpando a tv a cabo, em grande parte. O acaso sempre me remetendo aos anos 90. E neste clima de "releitura" lembrei de imagens e sons. E de uma "musa pornô" que era tipicamente daqueles anos 90, que eram os oitenta se modernizando, a Kascha. Será que mais alguém lembra dela?