Sempre admirei o Paulo Francis pela oralidade do texto. Ler o Francis você sentia aquela linguagem do bate papo, quase que do rádio. Ele era um craque nisto.
Tive o prazer de conhece-lo. E ganhar um livro com a dedicatória divertida e inusitada. Coisas do Francis.
Mas muito além do Manhattan Connection, Francis pegou um caminho - denunciar a Petrobras. (Ainda nos tempos FHC) E denunciava que a mesma era sangrada por diretores a serviço de políticos. Muito além deste ou daquele partido.
Foi processado. Num golpe jurídico operacional, Joel Rennó, então presidente da estatal, conseguiu enviar diversas citações para a casa de Francis. Era uma por semana. Além de tomar tempo das pessoas, custa dinheiro acompanhar processos. Francis não teve forças para ficar recebendo citações quase que diariamente em casa. Então morreu. E foi uma perda.
Sobre perdas, não falo de uma viúva que perdeu o companheiro de uma vida. Não falo da imprensa que perdeu um dos caras com mais verve. Não falo nem dos gatos que perderam um admirador. Falo da coerência e honestidade que foram assassinadas junto com a morte de Francis.
Francis estava certo.
O mínimo que tem que ser feito é uma nota por parte da empresa.
Um pedido de desculpas.
Francis não fora apenas um detrator da Petrobras. Foi quem avisou que o Rei estava, não nu, mas enrolado em notas de dinheiro. Falou da vergonha com dinheiro público. E desde a morte do Francis, só aumentou.
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