Notei que amadurecer é escrever obituários.
Se existe alguém que reforçou minha "brasilidade" foi Luciano do Valle.
Não vou entrar no aspecto técnico. Um grande narrador. Foi um cara arrojado quando montou uma estrutura de esporte numa emissora fora dos padrões, iniciou o que chamamos de "marketing esportivo", pioneiro na Band, divulgador de diversos esportes fora da mídia tradicional. Fomentador. Genial. Ousado. Um cara moderno antes da modernidade. Que merece elogio e memória. Pelo talento, emoção e pelo o que fez.
Mas, é domingo, prefiro ficar com as memórias afetivas. A ligação do futebol. Ele me apresentando o "Comandante Rolim" - quando a TAM ainda era Transportes Aéreos Marília - se emocionando de verdade quando falei do Dicá e disse que meu primeiro ídolo do futebol foi o Zenon e lembrei dele me chamando de "Brizolinha" após meu comentário sobre transmissões esportivas na TV.
Da minha memória afetiva poderia escolher qualquer Gol do time de 82. Em especial o "Assina Serginho, assina..." Mas como a memória afetiva da infância pode ser "corrompida", fico com um gol que eu me emocionei, vibrei e já era um adulto. A narração dele fez toda a diferença. Enche de fantasia o esporte. Nos remete ao lúdico.
Luciano do Valle foi o cara.
Obrigado.
Um domingo mais triste, com parte da minha infância indo embora e o Brasil perdendo seu maior narrador esportivo.
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