quarta-feira, 16 de março de 2011

Racismo e Açaí


O Mate gelado. O Açaí. Dentre outras coisas, são produtos oriundos de locais distantes que parecem tipicamente cariocas. E por isto, lojas de Suco rivalizam com farmácias e agências do HSBC na disputa de quem vai dominar o mundo. Quase que uma instituição do "Açaí na Tigela". Como se o Açaí fosse colhido ali na esquina.

Pois ontem, agora, comendo um Açaí matinal, ouvi o seguinte diálogo

Loja de Suco. Frutas penduradas. Nordestinos solícitos e sorridentes, no seu idioma particular, perguntam o que você quer. De BG TV ligada na SporTV e barulhos de liquidificador.


Figura 1

"Viu no Japão? Tragédia mas ninguém roubando nada. Se fosse aqui no Brasil..."


(e o outro interlocutor responde animadamente)


Figura 2:

"É, mas nos Estados Unidos também. Teve aquele furacão, o Katarina(sic) e a crioulada lá meteu a mão em donativo, maior zona..."


(o arremate em tom filosófico)

Figura 1

"Preto é foda."


Seria uma conversa de dois racistas, de dois imbecis nazistas, se os autores das frases acima não fossem mulatos, quase negros em definição de etnia. Com certeza tem uma origem africana, bem próxima, que deveriam se orgulhar. Num país mulato como o Brasil, não cabe preconceito racial. Fica patético.


Claro que antes de sair da loja falei.


"Isto não tem nada com cor da pele. E sim com educação.


Ah, e sobre cor da pele, vocês não são brancos não."


Peguei meu chiclete, deixei a gorjeta e saí. Notei que os dois ficaram em silêncio, meio perplexos com meu aparte. Meio que assustados.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gutissimo, Vc falou tudo.Sou mulata,neta de negra, mas no Brasil sou a morena.Racismo assim é ainda mais patético.Definição precisa na sua observação.
bjks
Juliana "Ju"

gutograca disse...

Juliana,
Pior que o racismo de um "ariano nazi" só mesmo um cearense mulato falando mal de nordestino e de negro. Patético. Cor da pele não define nada além da escolha do filtro solar. Abração, GG