Farpas ao longe. A gente implica com São Paulo como quem implica com um irmão nerd. A gente não desgosta, apenas é diferente. Não tem como desgostar de uma Cidade que você encontra coisa que você não encontra nem em Londres ou Nova Iorque. De gente a livros. De tribos a discos. E que fica a menos de uma hora do Rio. Se não houver caos nos aeroportos, é verdade.
Implicamos com São Paulo pelo simples fato de sermos diferentes. De sermos mais informais, mais simples, mais alegres. Mais felizes. Da mesma forma que temos esta reciprocidade de implicância. Somos complementares, que digam os paulistas enraizados por aqui.
Nenhum pecado em ser cinza. Nenhum pecado em ser mais sisudo. Irmãos iguais tão diferentes.
Veja os hinos dos Clubes de São Paulo. O do Corinthians é um samba deprê, ao passo que no Rio são marchas felizes. Sociologia de botequim? Antropologia barata? Enfim, apenas que São Paulo é uma cidade sensacional.
Apenas isto. Somos a cigarra e a formiga. No fim estamos juntos.
São Paulo
Guto Graça
Poesia Incompleta
Ed. Francisco Alves, 1998
Eu tinha fumaça
Nos olhos.
E poeira na alma.
Por entre uma cortina de ar,
De qualidade razoável,
Eu enxergava
Minha linda,
Mulher feia.
Eu te amo , São Paulo.
Minha Tóquio,
Que fala português.
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