segunda-feira, 27 de junho de 2011

Passividade Brasileira

Não vou entrar no debate retórico de privatização ou estatização. Isto já foi superado. Prefiro focar no funcionamento e inoperância. E alguns serviços públicos no Brasil são vergonhosos para um País que ambiciona vôos de qualidade.

Prefiro não citar educação, que junto com logística/infraestrutura será o gargalo que evitará que o Brasil seja grande no tempo que poderia ser. E educação não é apenas o "education", que temos índices vergonhosos, mas noções de cidadania, política e convívio. Caso contrário estaremos criando o "Brasil, País de Bárbaros". No pior tipo de barbaridade: a falta de educação de classe média emergente, que resolve repetir os erros, no estilo ex dominado imitando o dominante. Vou falar apenas de uma empresa, a Light, que fornece energia para a Cidade do Rio de Janeiro e serve de exemplo de péssimo serviço prestado. Falta de respeito com o cidadão e falta de cobrança do poder público.

Começamos a tolerar não apenas a falta de luz, mas bueiros explodindo. Isto é uma vergonha. No melhor estilo pomposo e exagerado do Boris Casoy Vergooooooooonha. E o pior é a nossa leniência e tolerância. Se houvesse a clara distinção entre público e privado, fundamental para uma economia de mercado, uma empresa como a Light já teria sua concessão cassada. E não culpem problemas anteriores, gestão anterior etc e tal. Quando se compra uma empresa, compra-se passivo e ativo. Incluindo aí os problemas. Também não coloco esta culpa apenas no atual Governo. Isto vem de uma tradição de um País sem transparência e sem a distinção do que é público, o que é privado e qual é o real papel das agências reguladoras.

Sei que bueiros que explodem como minas terrestres, dá vontade de denunciar a Light na ONU. Pois parece que por aqui o MP anda muito light com a Light. E a Assembléia Legislativa fica em silêncio. Só nos resta a ONU.

Por mais que usemos o humor, de dizer que quem tem Light não precisa de Al Qaeda, que o carro da Light mete mais medo que o Caveirão, que vamos denuncia-la na ONU por uso de minas terrestres, o assunto é sério. E cabe a imprensa ou a sociedade civil cobrar providências.

Minha sugestão de Mundo Ideal, é que todos os serviços prestados no Rio fossem cassados "a bem do serviço público" e alvo de licitação internacional. Exemplos? Barcas S/A, Metrô, SuperVia e, é claro, a Light... Abrindo uma caixa preta. Deixando empresário ganhar dinheiro, claro, vivemos no capitalismo, mas que entregue serviços dignos a quem paga por isto. E não com esta tipo de parceria entre o ente público e privado que parece perpetuar a ineficiência dos piores serviços estatais do passado e a falta de transparência das empresas privadas do mesmo passado. Garanto que um bom escritório de advocacia, junto aos Procuradores e MP descobrem possibilidades jurídicas deste tipo de ato. Sem arbitrariedade. Sem violação do Estado de Direito ou da Segurança Jurídica.

Se isto não partir de nossos Governantes, uma postura forte de cobrança de melhora dos serviços da Cidade, agora que o Rio é foco da imprensa internacional, em breve este tipo de cobrança não virá de um blog, do O Dia, do O Globo,do RJ TV... mas sim da The Economist, do FT Financial Times dentre outros.

Não tem esquerda. Não tem direita. Não tem privado. Não tem estatal. Pouco importa se o pato é macho. A população quer o ovo. Aliás, o omelete.


Alguns links para lembrar da Light e suas minas terrestres:




2 comentários:

Anônimo disse...

Mister Graça,vi a nota e ouvi o comentário na rádio,vim direto aqui.Pertinente e perfeito.Esta tal de laite late e não morde,explode hahahaha.Mas nem tudo cabe ao Ministério Público não.Ele é fundamental,mas demanda que a sociedade se conscientize dos fatos e exija seus direitos. Abraços meu bom,
Rosana Rodrigues
imitando você com o GG, RRAP

gutograca disse...

Sim, RR, mas se espera do MP a coragem de sempre em apurar. Eis uma daquelas instituições que são necessárias e admiradas. Ao menos por mim, faço reverência ao trabalho do MP. abs,
GG