sábado, 12 de junho de 2010

Na Santa Clara

Por acaso, um real acaso e mal entendido. Problema de comunicação. Logo na rua da "Santa protetora da comunicação", hoje acabei indo ao The Bakers. A confeitaria dos netos, ( ou seriam bisnetos?), do Kurt Deichmann. Um dos caras mais doces que conheci. A vida deu a chance de ser amargo. Ao invés de chorar dores da segunda guerra, conversava sobre a mesma com a dor bem resolvida. Não esquecida, porém não cultuada ou utilizada como algum pretexto.
Voltando a Santa Clara, que eu estou por aqui, no Brasil neste começo de Copa, respondendo aos amigos que perguntam : -"Já está na Africa do Sul?" Ainda estou em Copacabana , com a calma e o prazer dado por uma deliciosa tarde carioca de sábado. Dia de Copa do Mundo. Sol a pino e uma temperatura perfeita , que não combina com este sol no Rio de Janeiro. Aquele sol tímido e educado. A Inglaterra vai empatando com os Estados Unidos. Ainda tem jogo.


Sentado, calmamente, de óculos escuros, observava a fauna ao meu redor. Duas mesas com franceses. Pode ser uma impressão imprecisa, mas incrível a quantidade de franceses nesta área de Copacabana. Um dia ainda descubro o motivo. Na outra mesa, um casal moderno. Ou seria eu o antiquado? Duas moças jovens. Bonitas. Femininas. Delicadas. As duas discutiam relação. Mas debatiam muito detalhe. Claro que eu ria sozinho. Não por serem das moçoilas debatendo a relação. Relações foram feitas para serem complicadas mesmo. E eu gosto de rir de gente intensa. Juntam pessoas com bagagem genética diferente, criação diferente e diferenças que tentamos superar com paciência. Claro, em nome do amor, do prazer ou de algo mais. Porém é uma luta. Se a relação entre homem e mulher já é complicada, fico pensando numa relação sujeita a dois fluxos hormonais femininos. Nem falo da intensidade, pois existem homens que são mais chatos, intensos ou delicados que mulheres. Estes complicados eu sugiro mais que a análise ou prozac. Sugiro o suicídio ou castração. Por dignidade com a espécie masculina para provocar uma seleção natural, ou melhor uma "eugenia" da espécie humana. Pobre da mulher que tem que aturar homem intenso ou complicadinho. Dio mio. Por isto penso na dificuldade de conciliar a paz hormonal entre duas mulheres. Entender que o que falo não tem nada de homofóbico, preconceituoso, muito menos algum traço de misogenia. Amo a mulher na totalidade. E admiro. E me divirto.


O garção me trouxe a conta. Tocou o telefone. Parei com meu voyeurismo de ver a relação passada a limpo pelo casal moderno. Ao se despedir o garção me falou: " Boa Sorte!". Não entendi. Mas resolvi passar na lotérica e jogar. Joguei. Resultado hoje a noite. Notei que tinha algo de diferente na Rua Santa Clara : um "restaurante/lanchonete" que fica praticamente na esquina da Barata Ribeiro estava fechado. Pela saúde pública ou vigilância sanitária. Terceira vez este ano. Neste restaurante uma tarde , num passado não muito distante, vi o dono, um oriental, matar uma barata cascuda com a mão e em seguida, sem lavar a mesma, continuar a "abrir uma massa de pastel". Será que foi por um motivo assim o fechamento desta vez? Será que é tão dificil manter uma loja de comida com higiene quanto uma relação?

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