Vinte anos e retornei a Copacabana. Parece realmente que nunca saí por completo daqui. Sempre uma desculpa para fazer algo no bairro. Manter um escritório. Um ateliê...
O trabalho ou a arte era mera desculpa para ficar perto de Copacabana.
Sempre foi algo quase religioso para mim. Nada de referência ou de lembranças, isto é apenas um detalhe. Copacabana é a minha tradução. Como se um bairro pudesse ser o alter ego de alguém.
E Copacabana foi sempre algo mais: a encarnação de algo para se amar. De uma imperfeição terrena que a torna sacra.
E nestes 20 anos alguma coisa mudou. Muito pouco.
O que?
Os idosos se multiplicaram.
Vi cães em profusão. Dos meus favoritos, como os huskies, aos da moda, o french bulldog.
Voltei a praça de infância. Agora com uma estação de metrô por baixo. Que modernidade!
Vi também o "barraco" de duas prostitutas que passionalmente brigavam pelo amor uma da outra. E não pelo amor de um cliente. Que modernidade!
No mais, Copacabana continua como sempre. Uma espécie de nossa Manhattan sem o business, sem la plata, mas ainda assim melhorada.
Eternamente decadente. E maravilhosa.
Copacabana é verso e prosa.
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